sábado, 17 de junho de 2017

Moradas

Moradas  

   Por toda minha vida, eu procurei um lugar. Um lugar onde me coubesse. É que sempre fui assim, grandão, espaçoso. Eu nunca coube em todo lugar.  Eu procurei um lugar, um lugar onde eu pudesse estar, ele era tão legal, era como uma praia ou uma praça, um lugar onde eu tivesse amigos, amigos que me dessem atenção, que sorrissem para mim e me fizessem sorrir. 
   Amizades sólidas, não líquidas, eu queria algo para guardar no bolso e não para escorrer nas mãos. Amigos que topassem tudo, ir ao mar, voltar, ir a terra, amar, correr como loucos, viver como doidos. Sorrir comigo, chorar comigo, morar comigo, sujar comigo, limpar comigo, jantar comigo, viver comigo. 
   Eu procurei um lar em muitos corações na busca insaciável de achar um lugar para ficar. Mas a verdade é que foi tudo, sempre uma ilusão da minha cabeça. Foram as esperanças de um sorrir, de um de viver que me fizeram acreditar em devaneios banais.  Como poderia alguém como eu viver num lugar tão bonito como os corações? 
   Ah! Vida complicada! Mas tudo bem, eu pensei por um momento, que tudo fosse real, mas percebi que sou um vento, soprei, amei, sumi. Eu pensei por um momento que seria beijado, mas tudo era mentira, até o o abraço apertado, era roubado.   

    Eu procurei moradas, mas nunca fui bem recebido, nunca tive amores, nem amigos. Sento, paro e penso: por quanto tempo eu estive adormecido?   

   O que me levou, é o que me trouxe a você, o que me amou, é o que me destruiu e agora eu me questiono: O que foi certo? O que foi ruim? Que mal é esse de quem nunca este aqui? Mas onde é aqui?   

   Acho que acho que aqui é aquela porta dos fundos.   
Eu tentei fazer moradas em corações, mas em meio desilusões, terminei aqui, indo e voltando como o vento, na caixinha de lembranças, que se perdeu em esquecimento.  

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